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Empreendendo durante a pandemia: A força da mulher de negócios

Em meio ao surto do novo coronavírus, mulheres empreendedoras inovam em suas atividades e promovem auxílio humanitário

Por: Andrea Garcia

 

O Brasil conta atualmente com 24 milhões de mulheres empreendendo. A maioria delas começaram pela necessidade de aumentar uma renda, alcançar a independência financeira ou como uma medida de combate ao desemprego. Contudo, empreender não é uma tarefa fácil, além dos desafios diários que todo empreendedor precisa lidar, existem obstáculos que mulheres empreendedoras enfrentam, como o preconceito – menos de 10% das empresas lideradas por mulheres recebem investimento externo – e a dupla jornada. Hoje, elas também precisam encarar mais um impasse, a pandemia gerada pela COVID-19.

Apesar do grande abalo econômico ocasionado, a equipe que compõe o Rede Impacta Mulher vem desenvolvendo seu trabalho. A iniciativa surgiu através da parceria entre a ONG Asplande e a cocriadora do programa, Jiselle Steele, e reúne cerca de setenta empreendedoras. “Estamos focadas em engajar principalmente mulheres afro-brasileiras de grupos marginalizados que combatem o preconceito de gênero, raça e classe social”, explica Jiselle. Além do trabalho com a Asplande, ela é também gestora de projetos na SocialStarters, uma empresa social britânica que apoia empreendedores sociais para aumentar seu impacto e sustentabilidade ao redor do mundo. 

A advogada Ana Lúcia Santos juntou sua experiência profissional, sua vontade de empreender e fazer a diferença na vida das pessoas para dar início ao seu negócio. Ela confessa que a missão de seu empreendimento é possibilitar o acesso à consulta oftamológica e a compra de óculos a preços acessíveis para pessoas de baixa renda. “Tenho dentro da família históricos relacionados a problemas de visão, e sei como é importante e caro ter uma boa saúde visual. Hoje, o tempo de espera para uma primeira consulta com oftalmologista pelo SUS pode levar de quatro a nove meses, dependendo da localidade. Esse tempo de espera é absurdo, porém não queria ser mais uma a só reclamar, e foi então que surgiu o Negócio Social Visão do Bem.”

Pensando na importância do conhecimento dos direitos do público feminino, a pedagoga Cyntia Matos criou o Entrelaços: Costurando histórias, memórias e afetos. “Meu trabalho é focado no empreendedorismo feminino em áreas periféricas do Rio de Janeiro, escolas públicas e favelas da Baixada Fluminense. A ideia de empreender surgiu pela necessidade de trocar informações com as mulheres sobre pertencimento local, empoderamento comunitário, feminicídio, e entre outros. Possibilitando assim, que elas conheçam os seus direitos como cidadãs e cobrem às autoridades.”

A artesã Maria Regina Fontes revela que transformou sua dor em arte, a partir da descoberta desse dom, ela iniciou seu caminho no empreendedorismo. Além de fazer a diferença na vida de outras mulheres, ela também é coordenadora do programa Raízes do Rio. “Através desse projeto eu posso mostrar a elas como desenvolver um serviço qualificado que gere renda e bons produtos, os quais elas poderão vender a preços justos.”

ELAS EM AÇÃO 

É certo que a economia brasileira sofreu impactos significativos devido ao novo coronavírus, e a classe que empreende também sentiu fortemente o reflexo desta crise. Para sobreviver em meio ao caos atual, reiventar, adaptar e remodelar fizeram parte das ações a serem tomadas dentro deste cenário de incertezas.

A gestora Jiselle declara que o andamento das atividades do Impacta Mulher aconteceram de forma virtual durante o período de isolamento. “As nossas palestras e rodas de conversas foram todas realizadas online. Nós também temos um grupo no Whatsapp com mais de cem empreendedoras engajadas, e pudemos continuar compartilhando informações e as encorajarando por lá.” Ela também diz que ações estão sendo desenvolvidas para ajudar a essas mulheres a responderem ao impacto gerado pelo coronavírus, e a se preparem para desenvolverem seus negócios pós-pandemia. “Estamos buscando parceiros para apoiar o projeto e as empreendedoras, para ter mais resiliência com o desenvolvimento de uma plataforma digital.”

A educadora Cyntia Matos conta que teve fazer algumas mudanças. “Eu precisei adaptar as rodas presenciais de ajuda humanitária, as escutas agora são feitas por telefone e mensagens. Conseguimos também uma parceria com uma psicóloga”. Cyntia também nos revela outras iniciativas tomadas pelo grupo para apoiar pessoas em situação de vulnerabilidade. “Nós estamos doando cestas básicas, kits de limpeza e higiene. Estamos produzindo com as crianças cartinhas solidárias para entregar aos vovôs e vovós que não podem sair de casa, e também confeccionado sapatinhos de lã e crochê para doar em um asilo aqui de Duque de Caxias.”

Para a empresária Ana Lúcia a adaptação foi um pouco complicada, devido ao tipo de segmento em que atua. “Como o nosso trabalho é direto com o público, vendendo os óculos de porta em porta nas comunidades do Rio de Janeiro, o faturamento caiu de forma assustadora. Todos estavam com medo de sair de casa e ter contato com pessoas que não fossem de seu convívio familiar.” 

Para amenizar, ela tentou agregar produtos ao negócio como limpa lentes e flanelas, com a intenção de obter algum faturamento, mas pouco ajudou. “Somente agora com a flexibilização estamos voltando aos atendimentos, mesmo assim está longe da nossa expectativa, muitos parceiros ainda não voltaram suas atividades” explica ela.

Já para a coordenadora Maria Regina, a pandemia trouxe também uma nova perspectiva. “No programa que eu coordeno hoje, as artesãs começaram a fabricar máscaras, elas não pararam de produzir, e nem de atender aos seus clientes durante a quarentena.” Ela afirma que mudanças também foram necessárias, como trabalhar através das lives, as quais ficaram muito famosas durante o período de confinamento. “Isso foi ótimo, pois o coletivo não estava sozinho e adquirimos mais aprendizados e abrimos novos horizontes.”

LIÇÕES DA PANDEMIA

As crises podem ser vistas também como oportunidades e ensinamentos. A partir dessa grande dificuldade mundial essa mulheres sobreviveram, aprenderam, se reposicionaram e não desistiram. “Somente a solidariedade e colaboração permitiram que nosso trabalho fosse realizado. Todas as parcerias feitas nos auxiiliaram a garantir a dignidade humana” relata Cyntia.

Ana Lúcia aponta também a importância da rigidez na higine pessoal e coletiva. No que diz respeito aos negócios ela enfatiza pontos como ter sempre uma reserva no banco, manter os clientes sempre informados, uma equipe bem capacitada e a relevância do uso das redes sociais, e a utilização das mesmas para a criação de plataformas de vendas online.

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