O final dos anos 80 significou uma grande onda de reflexão sobre os padrões de consumo e as relações que as pessoas estabeleciam com os recursos naturais. No Brasil a consolidação de um modelo econômico Neoliberal provocando graves reflexos nas camadas populares resultou numa profunda crise no mercado de trabalho com altas taxas de desemprego.
Tais preocupações inquietavam um grupo de pessoas com formações profissionais diversificadas e histórias de vida igualmente diversas. Em comum o fato de trabalharem com famílias de baixa renda.
Grande parte do grupo teve a oportunidade de atuar no desenvolvimento do projeto de criação do espaço pedagógico TERRA DE EDUCAR no município de Paracambi / Rio de Janeiro como membros da equipe técnica.
O projeto previa a construção de uma unidade escolar para agricultores e seus filhos e a construção de um Mercado do Produtor. O resultado seria a formação de um complexo voltado para o desenvolvimento das comunidade rurais. Durante o período de implantação do projeto foram realizadas várias atividades com o objetivo de capacitar os agricultores para participarem da gestão do projeto.
Para a formação dos agricultores foi aplicada a Metodologia do Desenvolvimento Integral e Harmônico como ferramenta para o conhecimento das necessidades a serem satisfeitas e o estabelecimento das prioridades.
Terminado o trabalho em Paracambi outras pessoas se integraram ao grupo e fomos ampliando o espaço de discussão da metodologia e sua utilização como ferramenta de planejamento.
O primeiro desafio foi iniciar a discussão com outros segmentos. Nesta etapa participamos de discussões sobre planejamento com a finalidade de estabelecer um diálogo com outras propostas metodológicas.
O conteúdo da Metodologia do Desenvolvimento Integral e a necessidade de ampliar a discussão foram os elementos que nos impulsionaram a criar uma infra-estrutura mínima para que pudéssemos provocar o diálogo com instituições e grupos e para a criação da ASPLANDE. Como pessoa jurídica poderíamos desenvolver um projeto de assessoria a grupos e obter o apoio tecnológico e material necessários.
Com a institucionalização da ASPLANDE pudemos intensificar nossa atuação junto a grupos de produção além de desenvolver projetos de capacitação voltados para o fortalecimento de iniciativas empreendedoras. Nossa proposta de capacitação foi construída com a preocupação de apresentar não apenas o conteúdo teórico mas sobretudo criar um espaço para vivenciar os conteúdos como forma de facilitar a mudança comportamento. Durante os anos 90 realizamos diversas oficinas para jovens e mulheres adultas buscando a difusão do cooperativismo e de práticas solidárias de comércio entre pequenos grupos de produção.
Por Conceição Luz
Assistente Social e membro da Coordenação da ASPLANDE