#Retrato de Empreendedora

Por Mônica Santos Francisco - monicasfrancisco@gmail.com
Consultora na ONG ASPLANDE, Colunista no Jornal do Brasil. Coordenadora do Grupo Arteiras

Maria Isabel dos Santos Cardoso, baiana de salvador, 68 anos e moradora de Bangu há cerca de 50 anos, é a vitalidade em pessoa. Fez faculdade de Serviço Social e pós-graduação em Recursos Humanos. Além de tudo isso, é artesã e cria produtos como brincos, colares, pulseiras e tiaras, além de acessórios de decoração e utilidades para o lar, como as cestas produzidas através do trabalho com piaçava. Coordena há 25 anos a Associação de Mulheres da Comunidade Kolping de Vila Aliança, instituição que oferece cursos profissionalizantes como cabeleireiro, informática e carpintaria. Ao perceber que após os cursos de formação as mulheres e pessoas que passavam pela instituição não avançavam com as técnicas aprendidas, resolveu criar uma ação que promovesse a geração de renda.

Inicialmente o grupo tinha 12 mulheres e hoje contam com cinco membros atuantes. Eram os finais dos anos 90, mais precisamente entre 1996/1997, e para fortalecer a proposta da geração de renda para aquelas artesãs, a parceria com a ONG PACS (Políticas Alternativas para o Cone Sul), começaram a expor em várias feiras e espaços onde era possível comercializar seus produtos, com o que para elas era uma grande novidade, a moeda social.

Um dos locais onde tiveram a possibilidade de expor foi em uma feira realizada no Museu da República no Catete. Era interessante porque tiveram uma experiência interessante com a Feira de Trocas Solidárias. Isabel conta que supria muitas necessidades das mulheres, pois trocavam por muitos produtos que estavam precisando e não podiam comprar.
Outra parceria que foi conquistada, foi com a Abong (Associação Brasileira de Ongs), o que viabilizou a troca de experiências com grupos de vários estados.

Na contínua busca por parcerias, conheceu a Asplande através de Paulo Borges, colaborador e educador da instituição, parceria que Isabel faz questão de celebrar, indo já para mais de 20 anos.

Conta que a Asplande foi fundamental na criação e consolidação da Rede da Zona Oeste. Antes diz ela, reuniam-se em casas ou em espaços cedidos por parceiros, e até embaixo de árvore em praças públicas. A empreendedora fala com muita sabedoria que não dá para se trabalhar isolado, e parcerias como a Asplande, que promovem a formação e a autonomia das mulheres, colaboram muito para o crescimento da comunidade.

Criada em 2000, a Rede de Socioeconomia Solidária da Zona Oeste de Campo Grande e Rio de Janeiro consolida-se em 2007 para dar mais força a esse trabalho de centenas de artesãs. A dificuldade da comercialização do artesanato e sua pouca valorização no Brasil, são segundo Isabel, um desperdício de talentos que aparecem e somem por falta de oportunidades de vendas. Pensa que se as mulheres trabalhassem em casa, produzindo artesanato, diminuiriam o risco de perder as crianças para o tráfico.

Apesar dos desafios, e das dificuldades de conseguir financiadores para manterem os professores e instrutores da Associação que preside, Isabel não desiste do sonho de ampliar as atividades da instituição, pois há uma grande demanda na comunidade. Salienta que a participação na Asplande é importante para a formação, embora a distância seja um grande dificultador da participação de muitas artesãs, para ela a prioridade é o crescimento dos empreendimentos e das empreendedoras. Se anima com a criação de postos de comercialização que só aconteceram por conta da articulação e parceria da Asplande com o Metrô Rio.

O primeiro ponto foi na Uruguaiana, e começou com cerca de 12 artesãs. O segundo ponto de venda é na Estação Cidade Nova e agrega 36 artesãs expondo e vendendo. Finaliza dizendo que a parceria com a Asplande tem essa longa história por possuírem segundo Isabel, uma filosofia, uma sintonia com sua instituição e com o que ela própria acredita e vive, que é a formação e o estímulo que as mulheres recebem para que coloquem em prática e cresçam.

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